Apresentação e História

História

A HISTÓRIA Para além de gozar de uma invejável localização geográfica, a Vila de Alegrete merece também destaque pela sua localização estratégica num ponto alto e de difícil acesso, o que lhe permitiu por diversas vezes ser protagonista da História de um Portugal guerreiro e conquistador. Encontrando-se ainda escassamente documentada, a Vila de Alegrete possui alguns vestígios históricos de antigas civilizações que povoaram a península Ibérica, nomeadamente Romanos. A presença dos Romanos no território português data de 218 a.C., altura em que se verificou o desembarque das tropas que pretendiam terminar com o domínio exercido pelos Cartagineses na Hispania. Não existindo descrições geográficas concretas relativamente a esse período histórico, é quase impossível precisar quais os limites territoriais ocupados por cada grupo ou povo. Tendo em conta que só existe documentação escrita relativa a Alegrete a partir do período da Reconquista Cristã, tudo leva a crer que, durante a primeira vintena do Século V, a Vila tenha sido devastada pelos Vândalos, devastação essa que teria terminado já com os Alanos, responsáveis pelo repovoamento e reedificação da mesma. Ainda assim, podemos também especular relativamente à presença de um outro povo bárbaro os Suevos. Tendo invadido a Península Ibérica nos inícios do Século V, tendo chegado por terra ou por via marítima, os Suevos encontraram-se já instalados na Galécia (antiga denominação da Galiza) em 411 d.C. Povo guerreiro, os Suevos rapidamente entraram em declínio. Já em pleno Século VIII e até 1160, a Vila de Alegrete foi ocupada e conquistada pelos Mouros. Tendo-se a Reconquista Cristã iniciado várias décadas depois, só em 1160 se verificou a expulsão Islamita por D. Afonso Henriques. Alegrete acabou por ser formalmente incorporado na coroa portuguesa em 1267, mediante o tratado de Badajoz – tratado no qual Castela reconheceu a soberania plena de Portugal no Algarve – celebrado entre D. Afonso III e D. Afonso X (de Castela). Segundo consta D. Afonso III (1248-1279) teria encontrado a Vila de Alegrete bastante vitimada pelas sucessivas batalhas que nela se tinham travado, o que terá encorajado o Monarca a iniciar uma série de trabalhos com vista à sua reedificação. O seu sucessor D. Dinis (1279-1325) continuou a promover o seu repovoamento. D. Dinis mandou edificar o Castelo e estimulou a construção da muralha envolvente, em 1319. Consta que estas últimas teriam sido erguidas pelos habitantes com a condição de se tornarem independentes da jurisdição de Portalegre. D. Dinis foi também o responsável quer pela edificação de uma torre, quer ainda pela elevação de Alegrete à categoria de Vila, ao outorgar-lhe um foral seguido de uma série de outros privilégios. Entre estes o que mais merece referência é o que refere estarem os seus habitantes dispensados de contribuírem com soldados para o exército desde que defendessem a Vila dos ataques castelhanos. Durante todo este período o Castelo manteve-se inserido em constantes lutas guerreiras. Nos anos 80 do Século XIV, os habitantes de Alegrete aderiram à causa do Mestre Avis e em 1475, no reinado de D. Afonso V, Afonso Monroy conquistou a Vila, tendo a mesma sido retomada, dois anos mais tarde, pelo futuro D. João II. D. Manuel I foi responsável pela atribuição de um novo foral à Vila de Alegrete, a 14 de Fevereiro de 1516. Neste foram confirmadas todas as regalias anteriormente adquiridas pela população – medida aliás seguida por D. João V (1706 – 1750), que viu nessas ratificações recompensas pelo facto da praça não ter sido tomada desde o reinado de D. Afonso Henriques. Já no período da Guerra da Restauração, a povoação de Alegrete voltou a estar no centro das atenções, continuando alerta e participativa e disponibilizando, sempre que necessário, o seu castelo para a defesa do reino. Sabe-se que em Julho de 1664 e devido aos constantes desgastes de que era alvo devido às referidas guerras, o Marquês de Marialva mandou realizar diversas reparações para que a praça ficasse devidamente defendida. Já no reinado de D. Pedro II (1683 – 1706), o Monarca concedeu o título de Marquês ao Conde de Vila Maior, Manuel Teles da Silva, apesar de não se saber o que terá feito por Alegrete. Sabe-se contudo, que por esta altura, Alegrete tinha assento nas cortes, nas quais lhe competia ocupar o lugar n.º82, no 10.º banco. A Vila possuía já Juízes ordinários, três vereadores, um procurador do concelho e um escrivão da Câmara. Segundo dados recolhidos, em 1821, Alegrete era Concelho no Alentejo, comarca e divisão eleitoral de Portalegre, possuindo 239 fogos e 1118 habitantes. De harmonia com a reforma territorial, baseado na lei de 26 de Junho de 1855 e em diploma firmado por D. Pedro V, foi suprimido o concelho e julgado de Alegrete. Voltamos a encontrar informações referentes ao ano de 1920, já no período de queda da II República. Ainda assim, são dados estatísticos que recaem sobre a demografia da Vila, ficando-se a saber que Alegrete tinha 2560 habitantes.

Coreto Datado do início do Século XX, situa-se no Largo da Praça, o Coreto de Alegrete. Tendo como função a atuação da banda de música ao ar livre, a sua construção é de planta octogonal. O podium é rodeado por uma armação de ferro forjado, surgindo oito colunas que suportam a cobertura em cúpula, também octogonal, rematada com uma arpa de ferro forjado.

Igreja Matriz Localizada no Largo da Igreja, na zona superior da Vila e dentro das muralhas do velho burgo medieval, é S. João Baptista o seu padroeiro. O edifício é uma construção do Século XVI inserindo-se no estilo Maneirista, tendo no entanto sofrido várias remodelações ao longo dos séculos seguintes. Se o Maneirismo português atendeu a certas particularidades que originaram a sub-denominação de Estilo-Chão, a arquitectura da Igreja Matriz traduz todo o discurso do sintetismo nacionalista entre a herança medieval e o depuramento das formas clássicas do Renascimento, próprias desse mesmo estilo. No que respeita ao seu exterior, o edifício apela à horizontalidade. A fachada está orientada para nascente e encontra-se seccionada em três partes por quatro pilares adoçados a um terço e embebidos na restante altura. No interior temos uma Igreja salão com três naves, as quais são divididas por três colunas cada. As colunas suportam arcos de volta perfeita que no seu total perfazem o número de cinco. Quanto à cobertura, esta é feita em abóbada de caixotão. A nave lateral direita apresenta duas capelas laterais e um altar adoçado de culto a Nossa Senhora de Fátima. A capela mais próxima da capela-mor é de culto aos três santos populares: S. Pedro, St.º António e S. João. É de salientar que no tecto desta capela axial está pintado um brasão esquartelado com as armas das famílias Mouros, Sás Tavares e Melos. A referida capela possui ainda uma pintura baseada no tema do Juízo Final. As capelas colaterais oferecem culto à Nossa Senhora da Alegria e ao Nosso Senhor dos Passos. No que diz respeito aos altares, todos eles são de talha ou alvenaria pintada. Todo o interior do edifício é nu e despojado de decoração, apenas se realçando a capela-mor. Relativamente ao seu espólio, é de destacar um cálice de prata dourada e branca, datado da segunda metade do século XV. Merecem ainda referência as imagens de pedra de S.Sebastião (Século XV), Santo António (início do Século XVI), S.Pedro (datada de finais do Século XV e pertencente à antiga Capela de S.Pedro) e de Santana, também do Século XV.

CAPELA DE S. PEDRO SAI

Castelo Edificado por D. Dinis, em 1319, tudo leva a crer que terá sido construído sobre outro mais antigo - existem mesmo notícias de que, em 1160, D. Afonso Henriques procedeu à reconstituição de uma fortificação romano-árabe. Trata-se de um Castelo de estilo gótico militar, revelando-se um exemplar devido às características planimétricas das suas muralhas e fortificações. Caracteriza-se por ser uma estrutura em vaso quadrilátero, de planta rectangular, de muralhas ameadas e devidamente espaçadas por torres cilíndricas que serviam de cerco à antiga Vila. Consta que as suas muralhas foram erguidas pela população com a condição de ficarem independentes da jurisdição de Portalegre. Teve uma importante função defensiva até à assinatura do tratado de Alcanizes que ficou definitivamente a linha de fronteira entre Portugal e Espanha. Por decreto de 3 de Janeiro de 1964 foi classificado Monumento Nacional.

Capela de Nossa Senhora da Lapa Localizada a 2 Km de Besteiros, no lugar da Lapa, entre eucaliptos e pinheiros, a capela foi construída encastrada num rochedo mesmo em cima da fronteira com Espanha. Sob o altar-mor foi encontrada uma passagem de ligação para uma gruta natural, existente na zona posterior, onde é possível ver pinturas esquemáticas de tons vermelhos datadas entre o Neolítico e o Calcolítico.